Dúvidas?



          QUEM É O RESPONSÁVEL POR MEU FILHO TER VIRADO GAY?          

  Os gays (termo normalmente utilizado para identificar os homens homossexuais) e lésbicas são iguais a todas as outras pessoas: amam, trabalham, riem, choram... Somente amam e fazem vida com um companheiro do mesmo sexo.
  Muitas vezes, muitos pais, são levados a confundir um conjunto de pessoas que, também sendo homossexuais, têm uma vida identificada como "promíscua". No entanto a definição de "promiscuidade" e a aceitação de diversos comportamentos sexuais varia imenso conforme as sociedades e mesmo conforme o papel das pessoas na sociedade. Provavelmente existirá uma maior percentagem de gays e lésbicas que estejam preparados para ultrapassar de uma forma ou outras as regras da sociedade pois pelo simples facto de se assumirem como homossexuais já ultrapassaram uma barreira. Outros há que devido ao facto de a sociedade não os aceitar como tal preferem levar uma vida escondida a qual propicia o sexo ocasional. Finalmente, existem também muitos homens e mulheres que têm relações de longa duração exclusivamente monogâmicas. Outros há ainda que são absolutamente uns verdadeiros tarados sexuais.... Mas se pensarmos um pouco chegaremos à conclusão que os casos apresentados também se aplicam aos heterossexuais.
  Então, ninguém levou o seu filho para lado nenhum. A sua orientação sexual é uma orientação dele próprio, que provavelmente já nasceu com ele, e não foi induzida por qualquer outra pessoa.

                                                 TEM PRECONCEITO?                                                 

  Primeiro, a homossexualidade não é uma "opção", pois isso pressuporia a existência de uma escolha consciente e real por parte do sujeito homossexual, que não existe: ninguém escolhe ser homossexual, heterossexual, branco, negro, alto, baixo... Desta forma estamos perante uma orientação sexual, cuja existência não depende da vontade do sujeito homossexual e assenta em outros pressupostos.
  Segundo, se o seu filho leva a sua vida de uma forma monogâmica, tendo um companheiro por quem sente afecto e levando uma vida como o resto das pessoas, existem menos hipóteses de vir a ser discriminado, pois a sociedade portuguesa é relativamente tolerante neste casos e a maioria das leis (incluindo do trabalho e união de facto) aplicam-se indistintamente a todos os cidadãos independentemente da sua orientação sexual.
  Se, porém, o seu filho é, enquanto pessoa, exuberante, gostando do exibicionismo e do protagonismo, e junta a isso a sua orientação homossexual, então são maiores as chances de vir a ser discriminado, principalmente porque a sua homossexualidade é reconhecida pela sociedade de forma mais evidente. No entanto isto não quer dizer que o problema esteja exatamente no seu filho mas mais provavelmente na forma preconceituosa como a sociedade em geral encara a homossexualidade. Ser mais discreto pode facilitar a integração mas não é garantia de aceitação imediata: o que assusta a sociedade não são os comportamentos em geral mas sim (por enquanto) a homossexualidade em si.


Por que os gays costumam se apaixonar por amigos heterossexuais?


  Antes de pensar o que fazer, quando um gay se apaixona por um amigo hétero, é interessante entender por que isso é tão comum.
  O gay costuma ter o ideal do homem assim como as mulheres: príncipe gentil, cavalheiro, educado, belo, de voz firme, charmoso, inteligente e, se possível, bem de vida. A figura masculina heterossexual e idealizada transmite segurança, força, cuidado, atenção, atitude na cama, gentileza e “pegada”. São esses os valores adolescentes que muitas vezes se estendem a vida adulta de um homem gay.
  Pode ter certeza que, se você está apaixonado por um amigo hétero, ele te inspira uma ou mais das características comentadas acima. E é isso que encanta, afinal, paixão tem uma boa parcela de encantamento! Que bom que é assim.
  Agora, se você está sofrendo com essa realidade, o mais bacana é chamar o amigo hétero para uma boa conversa. A gente costuma pecar muito pela falta de comunicação, por deixar as verdades escondidas e acaba vivendo somente o idealizado da paixão, muitas vezes platônica. Sofremos por uma coisa que nem é real, que é difícil de se realizar ou até impossível. Paixão platônica é isso: ficar fermentando, vivendo e curtindo um envolvimento que não é real, mas está dentro da cabeça.
  O platonismo é algo romântico, tão romântico como a linha literária que a gente aprendeu ou vai aprender na escola. Resolve parte da gente, algo como migalhas, mas não se realiza, não vira, não acontece! E tem muita gente, gay ou não, que fica viciada nesse modelo. Atitudes românticas valem muito a pena mas sofrer não.
  E aí, quando a gente resolve abrir o jogo, eleva a história para o real e palpável: o príncipe encantadodesejada. O receio triplica!
  Daí, se você opta por viver oculto, o que costuma a acontecer é que, em um determinado momento, o amigo hétero começa a namorar uma menina! Esse namoro pode ser uma facada no peito! Você s, o amigo hétero, passa a ser de carne e osso. Assumimos as reações esperadas e nem sempre esperadas assim. Mas, o que é melhor, assumimos!
  Entendo que conversar sobre a paixão seja difícil pois além da exposição, da revelação que pode não ser correspondida, tem a parte do seu amigo descobrir que você é gay e reagir de maneira não e sente traído, trocado, magoado. Uns preferem atrapalhar o relacionamento, outros preferem sumir sem deixar mensagem, mas independentemente da reação, é ruim de qualquer jeito.
  Então, o amigo está namorando. Você resolve dar “uma de louco” e sai pra vida para esquecer, ou prefere ficar quietinho, vivendo uma depressão! Nada disso é muito bom, mas a vida é sua e você, cada vez mais, precisa saber o que fazer com ela. Gays ou não, humanos, quando crescemos, passamos a ser autônomos de nós mesmos.

Saber o que fazer com a vida
  Saber dividir as coisas, saber conversar, aprender a se conhecer. As vezes, essas coisas não se explicam nem dentro de casa, nem na escola. A maioria das vezes a gente aprende com a própria vida.
  Esse post pode ser um começo dessa reflexão. Levar a sério ou não é opção sua.
  Se você é gay e está apaixonado por um amigo hétero, a melhor dica que posso dar é que respire fundo, tome coragem e converse com o amigo. A base das boas relações humanas está no diálogo. E esse diálogo tende a trazer o esclarecimento, a honestidade dos sentimentos, fora a expressão aberta da sua realidade homossexual. A mesma dica serve para o hétero que desconfia de sentimentos do amigo gay.
  Se não tem como conversar, se é difícil, saiba que a vida, naturalmente, vai acertar as coisas, com ou sem cabeçadas. Viva a vida, mas também reflita as vezes sobre ela. Viva nas estrelas, mas tenha os pés no chão. Do contrário, você pode chegar aos 40 achando que aquele outro amigo hétero tem tudo para ser gay! E ser o gay que você sempre esperou.

Tornar-se adulto e ainda cobiçar heterossexuais não costuma ser muito bacana.